Condição afeta células do estômago de forma exponencial, sendo essencial detecção e tratamento precoces
Nos últimos cinquenta anos, o câncer de estômago tem sido cada vez mais raro em países desenvolvidos, conforme dados apresentados pela Global Cancer Observatory (GLOBOCAN), mas segue sendo uma doença preocupante no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e estatísticas do Ministério da Saúde, nosso país sofre com altas taxas de morbidade e mortalidade relacionadas a essa comorbidade — principalmente nas regiões sul e sudeste.
No artigo de hoje, buscaremos explicar o que é o câncer de estômago, quais seus tipos, fatores de risco, sintomas, diagnóstico, tratamentos e até formas importantes de prevenção.
O que é o câncer de estômago?
O câncer no estômago, também conhecido como câncer gástrico, é uma neoplasia que se desenvolve a partir das células da mucosa do estômago. É uma doença considerada complexa, já que afeta essas células cada vez mais com o passar do tempo. Ele é classificado em diferentes estágios, o que serve para determinar o melhor tratamento e prognóstico — os estágios vão de I (menos avançado) a IV (mais avançado).
Tipos de câncer de estômago
Existem muitas maneiras de classificar um câncer de estômago, sendo as principais:
- Adenocarcinoma: tipo mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Ocorre nas células glandulares que revestem o estômago e pode ser subdividido em intestinal (geralmente associado a fatores como dieta) ou difuso (caracterizado pela infiltração das células cancerosas nas paredes do estômago).
- Carcinoma de células escamosas: tipo menos comum, ocorrendo nas células que revestem o esôfago e na parte superior do estômago.
- Sarcoma gástrico: tipo raro que se origina nas células do tecido conjuntivo, como músculos e vasos sanguíneos. Inclui tipos como o lipossarcoma e o leiomiossarcoma.
- Linfoma gástrico: se origina nas células do sistema linfático do estômago, muitas vezes associado a infecções pela bactéria Helicobacter pylori.
- Tumores neuroendócrinos: também são raros e se originam nas células neuroendócrinas do estômago, que produzem hormônios. Eles podem ser funcionais (produzem hormônios) ou não funcionais.
- Tumores estromais gastrointestinais (GIST): também raros, se formam nas células do estroma, o tecido que suporta os órgãos, incluindo o estômago. Eles podem ser benignos ou malignos.
Fatores de risco que levam ao câncer de estômago
Eles podem ser genéticos, ambientais e comportamentais:
- Infecção pela bactéria Helicobacter pylori;
- Histórico familiar;
- Idade (mais comum na terceira idade);
- Sexo (homens correm mais risco).
- Praticar dietas com muito sal, conservas, carnes processadas e alimentos defumados, e com pouco consumo de frutas e vegetais;
- Tabagismo;
- Possuir outras condições, como gastrite crônica, pólipos gástricos (especialmente pólipos adenomatosos) e anemia perniciosa;
- Exposição a substâncias químicas (como as presentes em metais pesados);
- Obesidade;
- Exposição à radiação.
Sintomas de câncer gástrico
Os sintomas do câncer de estômago podem variar bastante, dependendo do estágio da doença. Muitas vezes eles não aparecem nas fases iniciais, dificultando um diagnóstico precoce.
Um dos sintomas mais comuns é a dor abdominal, que pode ser contínua ou intermitente. Além disso, muitos pacientes relatam náuseas e episódios de vômito, normalmente após as refeições. A perda de apetite também é comum, gerando até mesmo aversão aos alimentos. Com tudo isso, a perda de peso é uma consequência natural.
O que também pode acontecer é a pessoa ter dificuldade para engolir (disfagia) e sentir o estômago cheio mesmo depois de comer pouco. Outros sintomas são indigestão recorrente, cansaço extremo e fadiga mesmo depois de descansar.
Sintomas comuns em estágios avançados
O câncer no estômago avançado pode provocar sintomas como episódios de sangramento, que se manifestam como vômitos com sangue ou fezes de coloração escura, indicando sangramento no trato gastrointestinal.
Se o fígado ou os ductos biliares forem afetados, outro sintoma pode ser a icterícia (amarelamento da pele e dos olhos).
Além disso, o acúmulo de líquido no abdômen, conhecido como ascite, também pode acontecer em estágios avançados da doença.
Diagnóstico do câncer no estômago
O diagnóstico do câncer de estômago, por ser uma doença complexa, engloba avaliações clínicas, exames de imagem e procedimentos laboratoriais. Faz toda a diferença que ele seja feito precocemente para aumentar as chances de sucesso no tratamento e na redução dos sintomas.
Consulta médica
O primeiro passo é a consulta médica; são analisados os sintomas do paciente, seu histórico médico e é feito um exame físico. Se houver suspeita de câncer gástrico, vários exames podem ser solicitados para confirmar a presença da doença, como veremos a seguir.
Endoscopia digestiva alta
Um dos principais é a endoscopia digestiva alta, um procedimento que permite visualizar diretamente o interior do estômago e do esôfago. Um tubo flexível com uma câmera é inserido pela boca e guiado até o estômago. Se alguma área suspeita for encontrada, o médico pode solicitar uma biópsia, que é feita removendo uma pequena amostra de tecido para uma análise laboratorial — ela permite confirmar a presença de células cancerosas e até determinar o tipo específico de câncer.
Exames de imagem
Além da endoscopia, exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM), podem avaliar a extensão da doença, identificar metástases (se o câncer se espalhou para outras partes do corpo) e ajudar no planejamento do tratamento. A ultrassonografia abdominal também é importante, já que detecta se existem linfonodos aumentados ou líquido na cavidade abdominal.
Exames laboratoriais
Dependendo do caso, também pode ser necessário fazer exames laboratoriais, como hemogramas e testes de função hepática. Isso porque, às vezes, é preciso verificar o estado geral de saúde do paciente, identificando possíveis complicações associadas ao câncer.
Avaliação multidisciplinar
Por fim, uma avaliação multidisciplinar envolvendo gastroenterologistas, oncologistas, cirurgiões e radiologistas é primordial para um diagnóstico preciso e, consequentemente, a escolha do melhor plano de tratamento para o paciente.
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Tratamentos para o câncer de estômago
O tratamento do câncer de estômago vai variar de acordo com muitos fatores, como estágio da doença, localização do tumor, saúde geral do paciente e preferências pessoais.
Cirurgia
A cirurgia normalmente é a principal opção de tratamento para o câncer gástrico em estágio inicial. Existem diferentes tipos de cirurgia, como a gastrectomia subtotal, em que uma parte do estômago é removida, ou a gastrectomia total, que envolve a remoção de todo o estômago.
Durante a cirurgia, também podem ser retirados linfonodos próximos para verificar se há metástases. Em alguns casos, se o tumor for inoperável, a cirurgia pode servir para aliviar sintomas, como a obstrução do estômago.
Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir células cancerosas e pode ser administrada antes da cirurgia (quimioterapia neoadjuvante) para reduzir o tamanho do tumor ou após a cirurgia (quimioterapia adjuvante) para eliminar células cancerosas remanescentes.
Normalmente ela é usada em estágios mais avançados da doença, servindo para melhorar a qualidade de vida do paciente — controlando o câncer e aliviando os sintomas.
Radioterapia
A radioterapia, que utiliza radiação para destruir células cancerosas, pode ser recomendada em combinação com quimioterapia ou após a cirurgia. Ela é uma excelente opção para aliviar sintomas em casos de câncer metastático ou para tratar áreas específicas afetadas pela doença.
Terapias direcionadas
As terapias direcionadas são uma abordagem mais recente que é feita com o uso de medicamentos que atacam características específicas das células cancerosas. Por exemplo, em casos nos quais o câncer expressa uma proteína chamada HER2, medicamentos como o trastuzumabe podem ser utilizados. É comum que essas terapias sejam feitas em conjunto com a quimioterapia.
Acompanhamento contínuo e suporte emocional
Por fim, ensaios clínicos estão disponíveis para pacientes que querem participar de estudos sobre novos tratamentos ou combinações de terapias. Esse acompanhamento contínuo é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e ajustar métodos conforme necessário.
A necessidade de um suporte emocional e psicológico completo e atencioso nunca pode ser subestimada. Esse é um diagnóstico extremamente difícil tanto para os pacientes quanto para os familiares, que precisam de muito apoio durante todas as fases do tratamento.
Câncer no estômago tem cura?
Sim, mas tudo vai depender do estágio em que o câncer está. Quando ele é detectado em um estágio inicial (como no estágio I), as chances de cura são bem maiores, já que o tumor pode ser removido cirurgicamente antes de se espalhar para outras partes do corpo.
Nos estágios mais avançados (como no estágio IV), quando há metástase, as chances de cura diminuem, mas, ainda assim, o tratamento adequado pode ajudar a controlar a doença e melhorar a qualidade de vida.
Outras questões que têm influência são a escolha do tratamento correto, o tipo específico de câncer e as condições gerais de saúde do paciente.
Como prevenir o câncer de estômago?
A melhor prevenção é feita através da adoção de hábitos saudáveis e da redução da exposição a fatores de risco. É necessário manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, reduzindo a frequência do consumo de alimentos processados e ricos em sal. Não fumar e beber também são pontos importantes.
Além disso, infecções por Helicobacter pylori devem ser tratadas precocemente. O controle de doenças como gastrite crônica e úlceras gástricas, assim como ter uma rotina regular de exames (check-ups), também ajudam a detectar não só um possível câncer, como também outras comorbidades. Em famílias com histórico de câncer de estômago, o aconselhamento genético é aumentar ainda mais a frequência desses exames.
Fontes:
Brazilian Journal of Development
Global Cancer Observatory (GLOBOCAN)
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
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